Culpar o acaso seria entregar muito de bandeja para a vida tanta coisa surpreendente que passamos juntos. Mas dizer que tudo aconteceu em seu devido tempo, passo a passo, seria menosprezar o inusitado que nos cercou sem dar explicação.
Às vezes me pego parada, pensando, fazendo um balanço da vida diferente que eu (re)criei neste ano. Se namorar é uma arte, tenho a impressão de que viver junto é mais difícil que escrever a terceira sinfonia de Bethoven (e olha que ela representa a luta e a força, hein?).
Pois bem, o que eu sei é que a convivência é um grande aprendizado. Tão singular que nenhuma cadeira acadêmica é capaz de ensinar. E foi nessa brincadeira de viver a vida de gente grande que eu descobri um sentimento ainda maior.
E me acostumei a acordar com você do meu lado, a sentir o cheiro de café na casa inteira e o seu bom-dia antes mesmo de o sol aparecer. Acostumei com as discussões esporádicas, os dias de futebol, a trilha sonora e a cerveja na geladeira.
E morando longe, o coração também tem que aprender a dividir as saudades. E foi na minha última visita a BH, que eu descobri que ainda não sei fazer isso. Depois de insistir durante quase uma semana para você ir comigo - ainda carregar uma pontinha de esperança, já que você apareceu na porta do meu trabalho disposto a me fazer companhia de táxi até o Galeão – tive vontade de largar a mala e deixar a capital mineira de lado quando soltamos as mãos e eu entrei sozinha no portão de embarque.
Sabia que metade de mim estava ficando pra trás, enquanto a outra metade me esperava em outro lugar. Com o coração apertado,eu entrei no avião. Cheio de empresários, pessoas atarefadas e com pressa. Voo lotado. Eu sentei na poltrona marcada, 13 D (janela), e escutando música aguardava o momento da decolagem.
Tal foi a minha surpresa quando a comissária anunciou o fechamento das portas e, naquele avião todo ocupado, uma única cadeira estava disponível: a do meu lado. No primeiro momento, eu pensei que Deus só podia querer brincar comigo, me testando para eu ter que dividir o medo do voo com a tristeza de saber que o seu lugar ficou ‘reservado’ até o último minuto.
Mas, depois de algum tempo, eu entendi. O amor vai muito além do contato físico, da necessidade de abraçar e beijar, da cia diária e a certeza da presença. O amor, o meu amor, é aquele de sentimento único e intenso, que me fez entender que eu não fui sozinha, você esteve comigo o tempo todo.
“There you were… and heaven made all so clear…”

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